sexta-feira, 1 de março de 2024

Educação e cultura na infância


Sabemos hoje, principalmente a partir dos estudos do historiador Philippe Ariès2, que a infância não é uma mera entidade biológica, mas uma construção social e histórica.

Portanto, as transformações  que  marcam  o  momento  atual,  consequentemente,  vêm  impregnando  a  condição  da  infância contemporânea. O termo condição é usado aqui no sentido de Bosi (1992), significando “as múltiplas formas concretas da existência  interpessoal  e  subjetiva,  a  memória  e  o  sonho,  as  marcas  do cotidiano no coração e na mente, o modo de nascer, de comer, de dormir, de amar, de chorar, de rezar, de morrer e ser sepultado” (p.27).

Vários autores têm apontado como características marcantes do mundo contemporâneo  o  imbricamento entre a economia e a cultura e o acentuado papel que a cultura do consumo e a cultura de  massa  têm  hoje  na  produção  da  nossa  vida  material  e  simbólica,  influenciando  e  controlando  os  campos de significados através do quais compreendemos a nós mesmos e ao mundo que nos circunda. 

Segundo Jameson (2001), a cultura e a economia, nas sociedades capitalistas, encontram-se hoje estreitamente articuladas. A produção de mercadorias e a especulação financeira tornaram-se culturais e a cultura, por sua vez, tornou-se marcadamente econômica, ou seja, orientada para a produção de mercadorias, em outras palavras,  ordenada  pelo  capital.  Para o autor, há uma lógica  cultural da qual depende o capitalismo hoje para o seu bom funcionamento, a qual determina que os produtos culturais funcionem tanto como base como superestrutura, isto é, produzindo significados e ao mesmo tempo gerando lucros.

A cultura, tanto a de massa como a alta cultura, torna-se “campo de treinamento” onde aprendemos as regras essenciais do jogo contemporâneo do consumo. A  globalização  ou  a  unificação  do  mundo  sob  a  ordem  do  capitalismo  tem  como  um  dos  seus  pressupostos  a  incorporação  dos  vários  segmentos  da  população  à  lógica  do  consumo.  Nesse  aspecto,  as  crianças  constituem  hoje  uma  importante  fatia  do  mercado,  o  que  tem  provocado  um  incremento da produção cultural voltada para a infância, sobretudo daquela da ordem da cultura do consumo e da cultura de massa. Segundo Caparelli (1997), no final dos anos 70, início dos anos 80, as crianças começam a ser vistas como clientes, consumidoras, tornando-se um segmento autônomo do mercado.

O fenômeno é traduzido pela forte publicidade que passa a ser dirigida às crianças e por um marketing que conjuga informação, persuasão, diversão e venda, com forte poder de convencimento. Esse mercado voltado para a infância consolidou-se especialmente nos anos 90 e vem ganhando crescente densidade. 

Há, hoje, uma tendência para a concentração de poder nas mãos de poucas e cada vez maiores corporações e a formação de cartéis que funcionam como blocos de poder dominante, que têm total liberdade para produzir qualquer tipo cultura infantil lucrativa. Nesse contexto, são investidas enormes quantias de dinheiro em propaganda para promover a imagem e as "boas" inclinações ideológicas dessas corporações, focalizando sobretudo as experiências comuns, do universo da família e da infância.

Os interesses das grandes indústrias de alimentos, das grandes seguradoras, dos bancos, entre outras corporações, são apresentados nas propagandas como os melhores interesses da família, usando comumente a criança como foco, com o significado de promessa de segurança e felicidade. Além dos produtos tradicionais infantis, como brinquedos e histórias em quadrinhos, muitos produtos familiares passam a ser relacionados com as crianças, como eletrodomésticos, móveis, remédios,  roupas  e  sobretudo  produtos  da  indústria  alimentícia. 

Na  trilha  da  transformação  da  criança em consumidora, nenhum meio de comunicação exerceu a força da televisão que, a partir dos anos 70, transformou radicalmente seu modelo, adequando-se de forma efetiva ao modelo capitalista  avançado.  A  lógica  capitalista  passa  a  ordenar  a  programação  televisiva  em  total  consonância  com  as  mudanças  na  economia,  que  se  encontrava  nessa  época  em  fase  de  expansão,  e  vivendo  o  fenômeno  da  internacionalização  dos  grandes  conglomerados  da  eletrônica,  da  alimentação,  dos  brinquedos e das roupas. Tal contexto passou a exigir a incorporação de um novo segmento no mercado para a sua publicidade: as crianças.

A progressão assustadora que vimos assistindo dessa indústria cultural destinada às crianças permite que alguns autores identifiquem a existência de uma pedagogia cultural baseada na TV, no cinema, nas revistas, nos jornais, nos brinquedos, nas propagandas, nos video-games, nos livros, nos esportes etc. (STEINBERG & KINCHELOE, 2001; CASTRO, 1998a, b). Que efeitos tem essa pedagogia  cultural  na  formação  da  identidade  da  criança?  Como  a  criança  encarna  essa  cultura?  Como  sua  dinâmica  interfere  na  produção  dos  sentimentos,  dos  conhecimentos,  dos  valores,  das  brincadeiras, das interações das crianças? As organizações que criam esse currículo cultural são de natureza comercial, e não educacional,  operando  para  a  lucratividade  individual.

 Sua  estrutura  baseia-se  nas  dinâmicas  comerciais  que funcionam como poderosas forças que se impõem a todos nós, e particularmente às crianças, o filão do consumo mais recentemente descoberto no contexto do capitalismo atual. Sob o prisma do seu objetivo capitalista, essa pedagogia pode ser considerada um sucesso que, com seus reinos mágicos, mirabolantes efeitos visuais, vídeos interativos, novelas, super heróis, álbuns, revistas, livros de terror, somam-se para penetrar profundamente nos modos de viver da criança.

A criança que brinca de Barbie, ou melhor, que possui os diferentes tipos/versões da Barbie, que tem os bonecos ou os cards Pokémon, que tem patinete, que tem os bonecos Power Ranger, que  lê  Harry  Potter,  que  assistiu  ao  mais  último  filme  da  Disney,  enfim,  que  tem  as  mais  últimas  novidades do mercado é uma boa consumidora, ou melhor, é “feliz”. É possível ser feliz nessa busca desenfreada pelas novidades e na rápida velocidade com que os objetos de consumo passam a ser descartados e perdem seu valor? Que interações as crianças estabelecem com esses objetos de con-sumo e os meios de comunicação de massa?

Pasolini, em seus contundentes ensaios literários e obras cinematográficas, denunciou a tragédia do poder do consumo, a qual chama de “última das ruínas, ruína das ruínas” (1990, p.29). Enxerga os jovens contemporâneos como profundamente infelizes na sua impessoalidade e estereotipia. Em sua reflexão, esboça um quadro apocalíptico da juventude unificada sob o signo da civilização do consumo,  quadro  esse  que  interpreta  como  uma  nova  forma  de  fascismo:  o  genocídio  cultural  ou  a  substituição das culturas dominadas pela cultura dominante.

De acordo com o autor, “nenhum centralismo fascista conseguiu fazer o que fez o centralismo da sociedade de consumo”(1990, p.57).  Ser reconhecido hoje é estar “na moda” ou ser identificado pelos últimos bens de consumo impostos  pela  mídia.  Ser  hoje  equivale  ao  ter.  As  pessoas  não  mais  se  reconhecem  pelo  que  são,  mas sim pelo que possuem, pelo que portam em termos dos bens materiais e simbólicos valorizados pela sociedade. Muitas crianças hoje não se encontram mais para contar suas histórias, brincar, trocar  experiências,  e  sim  para  competir  sobre  quem  tem  mais  Barbie,  quem  tem  maior  número  de  canetinhas  coloridas  e  cheirosas,  quem  tem  a  sandália  da  Xuxa,  da  Sandy  (entre  outras  "estrelas"  televisivas), quem tem game-boy etc. A cena descrita abaixo, comum no contexto das conversas e brincadeiras entre as crianças hoje, sobretudo as de classe média, é ilustrativa desse fenômeno: As crianças estão na sala do seu grupo em uma creche, assistindo a um vídeo de um episódio do Sítio do Picapau Amarelo: “O reino das águas claras”.

Observam atentamente a TV, trocando algumas palavras de vez em quando, ao se identificarem com os personagens: –   Eu sou o Pedrinho! –   Eu sou a Narizinho! Em um determinado momento, Clara distrai-se observando a sandália de Patrícia e pergunta: –   É da Xuxa? Da Sandy?  Patrícia não responde, pois está concentrada no vídeo. Clara repete várias vezes a mesma pergunta e como não obtém resposta, aumenta o tom de voz: –   É da Xuxa? Da Sandy? Eu estou te perguntando! Então, Mariana, outra criança que acompanha a situação responde: – É da Eliana!

Nesse contexto, para aqueles que não conseguem se adequar ao modelo da mídia, tudo aquilo que se distancia deste é motivo de uma possível  exclusão.  As  crianças  das  classes  populares  aprendem muito cedo a subjugar a sua cultura, as suas próprias referências, muitas vezes tentando se reconhecer no modelo da dominante cultural da sociedade em que se insere. Entretanto, para essa criança,  esse  modelo  não  é  factível  de  ser  realizado,  a  não  ser  infimamente. 

Como  consequência,  temos  a  desvalorização  e  a  desqualificação  de  muitos  modos  de  viver,  sentir,  vestir,  falar,  dançar,  que identificam a cultura dos diferentes grupos sociais. De acordo ainda com Pasolini (1990), o novo poder centralizador da sociedade consumista provoca  um  esvaziamento  cultural  e  uma  crise  do  sujeito,  que  não  tem  mais  certeza  dos  seus  próprios valores. As singularidades de sua cultura não são mais suas, não podendo ser “usadas”.

Suas riquezas  são  muitas  vezes  saqueadas  pela  cultura  do  consumo  que  ora  as  nega,  ora  as  exibe  como  representantes do exótico, explorando-as como qualquer produto vendável.  A padronização cultural diz respeito a todos os segmentos e classes sociais. Há uma matriz que gera as informações, os valores, os desejos, que passou a ser a mesma para todos. Hoje, os jovens e crianças querem, cada vez mais, se parecem uns com os outros, na roupa, no modo de falar, de  vestir,  de  dançar,  de  cantar,  de  brincar  ou  se  divertir.  Pasolini  (1990)  diz:  “...nenhum  homem  jamais foi obrigado a ser tão normal e conformista quanto o consumidor; e quanto ao hedonismo ele encobre  evidentemente  uma  decisão  de  preordenar  tudo  com  uma  crueldade  sem  precedentes  na  história”(p.87).

Esse poder, na visão do autor é “uma forma ‘total’ de fascismo”(p.87). A cultura do consumo tem na propaganda um dos seus instrumentos mais essenciais, pois, segundo Steinberg & Kincheloe (2001), ela cria a “teologia do consumo” (p.24), cativando os sujeitos  com  a  promessa  de  redenção  e  de  felicidade  através  do  ato  de  consumir.  Hoje,  com  as  novas  tecnologias da imagem e a poderosa indústria da propaganda, de forma cada vez mais sutil e inteligente, somos aprisionados pelo conjunto de cores, imagens, sons, slogans e textos curtos e de forte efeito  persuasivo. 

Esse  poder,  acrescido  pela  total  articulação  entre  a  propaganda  e  a  maioria  das  produções  da  indústria  cultural,  funciona  como  árbitro  “de  gosto,  valor  e  pensamento,  produzindo  novos   modelos   de   identificação   e   imagens   vibrantes   de   estilo,   moda   e   comportamento”   (KELLNER, 2001, p.27). Ao  lado  da  padronização  da  cultura,  caminha  a  ideologia  da  segmentação  dos  diferentes  grupos  geracionais  e  das  classes  sociais,  além  da  ideologia  da  individualização,  a  qual  produz  a  crença de que a responsabilidade pela felicidade é individual. 

Um fenômeno típico dos tempos contemporâneos é o isolamento em que vivem os sujeitos, atingindo  sobretudo  crianças  e  jovens,  em  todas  as  classes  sociais,  quer  dentro  da  própria  família,  quer nas ruas (Jobim e Souza, 1998). É comum, em muitos lares, a convivência silenciosa em torno de  uma  tela  de  TV  ou,  como  em  muitos  lares  de  classe  média,  cada  um  de  seus  componentes  em  seus  próprios  quartos,  com  seu  próprio  aparelho  de  TV. 

Os  espaços  das  ruas,  antes  ocupados  por  crianças e jovens em suas brincadeiras, são hoje habitados por carros e por crianças que perambulam pedindo dinheiro, vendendo balas, fazendo malabarismos de circo para ganharem algum trocado ou praticando furtos e roubos junto aos transeuntes ou motoristas.  Segundo Jobim e Souza (1998), nesse contexto, há uma nova inserção da criança no mundo da cultura, que passa a ser mediada, muito menos pela convivência com o outro, mas, sobretudo, pelos instrumentos virtuais, TV e computador. A autora aponta que as crianças passam, no máximo, a compartilhar entre si suas experiências, as quais, muitas vezes, se reduzem ao contato com "o outro  televisivo",  remoto,  virtual. 

Vão  se  tornando  "autônomas  para  elas  mesmas",  sem  aprender  a  conviver com o outro (p.59). A mídia televisiva tem enorme papel na relação entre infância e cultura, não apenas por ser o veículo de circulação de modelos, mas por ser um centro elaborador de mensagens que modelam os comportamentos humanos, constituindo suas principais redes de referências.  Steinberg  &  Kincheloe  (2001)  afirmam  que  a  televisão  coloniza  o  desejo  da  infância.  A  cultura infantil produzida pelo mundo da mídia cria significados particulares e induz as crianças a interpretarem  o  mundo  e  a  si  mesmas  a  partir  desses  significados. 

Nesse  sentido,  é  que  podemos  falar em uma colonização da consciência da criança, a qual estabiliza e desestabiliza sua identidade e, ao mesmo tempo, restabelece novas identidades através de novos produtos – brinquedos, filmes, programas de TV, moda, literatura etc. – que devem ser consumidos para a “plena felicidade”. Dentro dessa realidade, noções tradicionais de infância como um tempo de inocência e de dependência do adulto estão sendo transformadas, através das mudanças nas condições de existência das crianças e de suas famílias. Hoje, as crianças são representadas não somente como consumidoras hedonistas, mas também deixaram de ser inocentes, pois passaram a consumir tudo aquilo que antes era reservado ao mundo adulto, como assuntos relacionados a sexo e violência. Postman (1999) nos fala da mídia como um “meio que escancara tudo” (p. 95) e que revela todos os segredos culturais antes reservados ao mundo dos adultos.

O autor alerta para o consequente  enfraquecimento  tanto  da  autoridade  do  adulto  quanto  da  curiosidade  da  criança.  Fundindo  o  mundo das crianças e o mundo dos adultos, a mídia diminui a tensão criada pelos segredos a serem desvendados e, assim, a curiosidade.  Muitos programas da TV abusam da violência, glorificando a barbárie e estilizando a própria  violência  com  imagens  coloridas  e  atraentes  de  sangue,  mísseis,  cérebros  explodidos  etc.  Em  relação  ao  sexo,  também  ele  é  crescentemente  utilizado  pela  TV,  rádios,  revistas,  propagandas  de  outdoors,  como  recurso  de  marketing,  sendo  muitas  vezes  banalizado,  estetizado  e  transformado  em mercadoria.

O videogame é outro objeto que faz parte do consumo cultural de muitas crianças brasileiras e que, assim como a TV, não apenas contribui para o seu isolamento, como também a coloca em contato com a violência em escala assustadoramente crescente. Para vencer, há uma missão a cumprir, é preciso matar, mutilar todos os rivais.  A cultura de massa, sobretudo através da mídia televisiva, contribui ainda para que a criança  ignore  as  profundas  desigualdades  econômicas  que  marcam  a  nossa  sociedade. 

Diferenças  podem até ser representadas na TV, mas quase sempre descontextualizadas e deslocadas de suas verdadeiras  raízes.  Os  heróis  são  os  homens  brancos,  de  classe  média,  e  os  vilões  são  muitas  vezes  não-brancos ou não-americanos. A diferença, na maior parte das vezes, aparece como estratégia de disfarce.  Nesse  sentido,  Giroux  (2001)  aponta  que  até  existem  os  heróis  não-americanos  –  como  Aladim, cujos traços, entretanto, não retratam o árabe, e sim o americano branco – ou bonecas como a Barbie Jamaicana e de outras etnias, mas todas com o mesmo modelo da Barbie americana e loura, apenas vestindo trajes típicos.

Esta é uma estratégia de marketing de contenção, característica da economia de escala de produção de massa padronizada. Os  desenhos  animados,  parte  do  cotidiano  de  um  enorme  contingente  de  crianças,  têm  importante  papel  como  veiculadores  de  cultura-  ensinam  papéis,  valores  e  ideais.  Fornecem  um  espaço  visual  high-tech, repleto  de  aventura  e  prazer  associados  a  uma  esfera  comercial  consumista. Neles, a violência se faz cada vez mais presente, apresentada como um espetáculo, que se reveste de uma aura sublime e bela e, muitas vezes, é apresentada como inevitável para se alcançar a paz ou o equilíbrio.

A Disney, grande corporação americana, transformou-se, de acordo com Giroux (2001), em ícone da cultura americana, penetrando no mundo das crianças e de adultos através de representações e  de  produtos  em  vídeos,  filmes,  shoppings,  lanchonetes,  alimentos,  artigos  de  papelaria,  roupas,  constituindo uma rede de referências que possibilita a identificação com um mundo de encantamento total.  Através  de  corporações  como  essa,  eliminam-se  as  fronteiras  na  sociedade  de  consumo  entre  diversão, educação e comercialização, as quais penetram, de forma totalmente integrada e tal como o efeito  dominó,  na  vida  material  e  emocional  das  crianças. 

Os  desenhos  animados  da  Disney  conectam-se de forma indissociável ao consumo dos produtos deles derivados, como fitas de vídeo, roupas, CDs,  mobílias,  brinquedos  e  parques  temáticos,  entre  outros.  Assim,  se  a  criança  tem  um  quebra-cabeça, um boneco, uma roupa, um jogo do tema Aladim, rapidamente ela terá que substituí-los por aqueles que logo surgirão vinculados ao herói/heroína do próximo lançamento. O mundo dos brinquedos é marcado pela efemeridade, seu "tempo" é ditado pela sua permanente  articulação  e  adaptação  ao  mundo  do  consumo. 

É  preciso  ter,  deixar  de  lado,  substituir  sempre. A Barbie, com meio século de existência no mercado de brinquedos, sobrevive através do tempo, pois, bem como o capital, se reordena para se manter cada vez mais forte e viva. Dessa forma, hoje temos não só a Barbie, mas seu namorado, seus muitos amigos, sua sobrinha, suas roupas e acessórios para todas as situações e ocasiões, sua casa com piscina e vários móveis, seu carro, seu avião etc.

Além disso, temos as várias versões da boneca: a Barbie em suas edições Contos de Fadas (como a Bela Adormecida, a Rapunzel) , a Barbie em suas edições profissões (médica, veterinária etc.), a Barbie Verão, a Barbie Noiva, a Barbie Fashion, a Barbie Roqueira, a Barbie Bailarina, a Barbie Astronauta, a Barbie Ginasta ou a Barbie nas suas edições étnicas.  O padrão de beleza veiculado pela Barbie e pela mídia é o da mulher branca, loura, magra “turbinada”, “malhada”, com seios grandes, naturais ou siliconados. É o modelo ao qual temos que nos encaixar. E o que acontecerá com a grande parte de nossas meninas, mulatas ou negras, e que jamais serão parecidas com a Barbie, mas que muitas vezes desejam sê-lo porque a veem como modelo de beleza?

O  quadro  que  se  tentou  delinear  sobre  a  condição  da  infância  contemporânea,  ainda  que  breve,  é  revelador  das  condições  atuais  em  que  as  crianças  convivem  entre  si  e  com  os  adultos  e  aprendem  conhecimentos  sobre  o  mundo.  Para  além  disso,  é  indicador  do  que  Benjamin  (1993)  chamava de empobrecimento da experiência humana, provocado pelo advento do mundo capitalista, com a transformação dos sujeitos em autômatos e peças de linha de montagem. Dizia o autor: “Ficamos pobres. Abandonamos, uma depois da outra, todas as peças do patrimônio humano, tivemos que empenhá-las muitas vezes a um centésimo do seu valor para recebermos em troca a moeda miúda do “atual”(p.119).

Benjamim afirmava também que o declínio, na relação entre os homens, da capacidade de intercambiar  experiências  tem  como  consequência  o  desaparecimento  da  arte  de  narrar,  desaparecendo, assim, os fios que entrelaçam o passado e o presente, a história individual e a história coletiva e, portanto, subtraindo do homem sua memória e sua identidade. Mas, se é Benjamim que nos ajuda a perceber as “ruínas” desse empobrecimento da experiência humana, é também ele quem nos ajuda a construir uma “utopia”, quando nos fala sobre sua visão da infância.

Para Benjamim, a infância traz a recuperação do passado como um emblema do futuro,  ou  melhor,  de  uma  promessa  de  um  encantamento  do  mundo.  De  uma  forma  alegórica,  a infância representa a redenção do presente, estabelecendo com o que lhe é oferecido uma relação de reordenação. Ela faz “história a partir do lixo da história” , “livrando-se dela” no que ela significa de petrificação do presente (CASTRO, 1998a).

Podemos  então  pensar  que,  embora  reconheçamos  o  poder  da  mercantilização  da  cultura  infantil,  há  possibilidades  de  trilharmos  caminhos  que  se  dirijam  para  o  desvio  dos  elementos  repressivos e colonizadores da cultura do consumo e que escapem de uma visão estritamente negativa das relações entre infância e cultura dominante. Que elementos podemos apontar nessa perspectiva?  Alguns autores ajudam-nos a pensar a relação entre os sujeitos e a cultura contemporânea de um ponto de vista mais interacional e menos determinístico, apontando para a potencialidade do sujeito   constituída   em   um   contexto   de   tensão   entre   a   dominação/adaptação   e   a   libertação/autonomia.

A relação entre a cultura de massa, a “sociedade burocrática de consumo dirigido” e o sujeito  é  discutida  por  Lefèbvre  (1991).  Esse  autor  destaca  que  a  "ideologia  do  consumo"  apagou  a  imagem do homem ativo, colocando em seu lugar a representação do "consumidor como razão de felicidade,  como  racionalidade  suprema"  (p.64).  Um  mercado  de  imagens  faz  circular  um  enorme  contingente  de  significantes  deslocados  de  seus  significados  históricos  a  serem  passivamente  consumidos  pelos  sujeitos,  sob  a  promessa  de  satisfação  imediata  de  suas  necessidades. 

O  consumo  assume o eixo estruturador da vida cotidiana (trabalho, vida privada e lazer), prevendo e controlando as necessidades e aprisionando o desejo dos sujeitos. A vida cotidiana torna-se assim objeto privilegiado da organização social capitalista. Com  base  na  dialética  marxista,  contudo,  Lefèbvre  (1991)  procura  ultrapassar  essa  visão  de oposição entre dominação/libertação compreendendo que, se por um lado o homem é determinado  pelas  opressões,  modelos  e  ideologias,  por  outro  lado,  tem  um  potencial  autônomo  que  pode  reagir  a  essa  determinação. 

As  relações  de  produção  capitalistas,  segundo  o  autor,  envolvem  um  movimento complexo e tenso entre a reprodução das relações sociais inerentes à lógica capitalista e a produção de novas relações. Ou seja, podemos pensar que a produção de novas relações sociais envolve tanto um processo de reprodução, que em si mesmo não é um mero reflexo das relações já estabelecidas, e sim uma reinterpretação das mesmas, como também um processo criador, que tem na sua base a história das relações construídas pelos homens. Nesse sentido, não há reprodução de relações sociais sem a produção de novas relações, ou seja, não há repetição sem inovação.

Martin- Barbero (2001) vai encontrar em Benjamin as pistas para a compreensão dos meios de comunicação de massa no seio das contradições presentes no sistema capitalista que os produz e  se  reproduz  através  deles.  Para  esse  autor,  Benjamin  foi  o  primeiro  a  apontar  para  a  "mediação  fundamental que permite pensar historicamente a relação da transformação nas condições de produção  com  as  mudanças  no  espaço  da  cultura,  isto  é,  as  transformações  do  sensorium  dos  modos  de  percepção, da experiência social " (p.84).

Benjamim (1987; 1993) pensa a modernidade e as transformações que ela implica, a partir da percepção dos sujeitos nos diferentes espaços que ocupam: nas ruas, nas praças, nas fábricas, nas casas, no cinema e no espaço da marginalidade. A experiência social, entretanto, pode assumir, na visão do autor, duas dimensões: tanto a do empobrecimento, quanto a da crítica e a da criatividade.

A experiência burguesa não pode ser pensada como a única configuradora da realidade.  Travando um diálogo com Benjamim, Martin-Barbero vislumbra no oprimido "alguns modos de resistência e percepção do sentido mesmo de suas lutas, pois como ele [Benjamim] afirmou, 'não nos foi dada a esperança, senão pelos desesperados'."(2001, p.92). A partir dessa discussão, o autor trabalha com o conceito de mediações como "os dispositivos através dos quais a hegemonia4transforma por dentro o sentido do trabalho e da vida da comunidade." Dessa forma, busca deslocar o olhar da perspectiva da dominação para uma outra perspectiva que, sem desconsiderá-la, pensa-a "a partir da hegemonia pela qual se luta , na qual se constituem as classes e se transforma incessantemente a relação de forças e sentidos que compõem a trama do social."(Ibid., p.137) Assim, o que se passa na cultura com a emergência das massas só pode ser compreendido, na visão de Martin- Barbero (2001), a partir das suas rearticulações com as readaptações da hegemonia. 

Nesse  contexto,  quando  pensamos  nos  meios  tecnológicos  e  nas  suas  transformações  em  potencialidades comunicativas, devemos compreender que os mesmos, além de gerarem novas modalidades comunicativas, implicam mudanças na vida social, dando sentido a novos usos e a novas relações, a partir de um processo dinâmico e contraditório.  Os meios passam a ser situados, na perspectiva desse autor, no âmbito das mediações, ou seja, no processo de transformações sociais no qual eles passaram a desempenhar um forte papel a partir dos anos 1920.

Reconhecendo que o fenômeno da centralidade dos meios de comunicação de massa é incontestável, Martin-Barbero (2001) introduz um mapa para pensarmos as mediações, que nos leva a compreender a complexidade desse fenômeno e o seu atravessamento na cotidianidade. Nessa discussão, o autor destaca a importância dos vínculos societários criados pelos sujeitos e das significações construídas por estes como um processo que, se por um lado sofre influência do mercado e dos meios de comunicação de massa, por outro lado não é por estes sobre determinado, situando-se, na verdade, em um espaço potencial de criação e de ressignificações.

Martin-Barbero procura retratar nesse mapa de mediações que a articulação entre a comunicação,  a  cultura  e  a  política  se  faz  através  das  múltiplas  relações  entre  as  matrizes  culturais,  as  lógicas  de  produção,  os  formatos  industriais  e  as  competências  de  recepção  (consumo).  Tais  relações, por sua vez, sofrem mediações de várias instâncias: (i) da sociabilidade, ou seja, da trama das relações cotidianas entre os homens; (ii) da institucionalidade e de suas mudanças que, da parte do Estado, procura estabelecer e manter a ordem constituída e, da parte dos cidadãos, busca lutar por seus direitos e reconhecimento no plano social e político; (iii) da tecnicidade que hoje, no contexto da  globalização,  converteu-se  em  conector  universal  do  global  (redes  informáticas,  conexão  dos  meios como televisão e telefone com o computador etc.) e; (iv) das ritualizações, remetendo-nos às relações simbólicas que estão na base de qualquer processo de comunicação, fundando-se "na memória, nos seus ritmos e formas, seus cenários de integração e repetição" (2001, p. 19) e constituindo modos de olhar, de escutar, de ler, ordenadores dos espaços-tempos da vida cotidiana e dos es-paços-tempos dos meios de comunicação.

Voltemos agora à questão das relações entre a infância e a cultura, pensando-as a partir das reflexões até aqui desenvolvidas. Um  primeiro  aspecto  que  gostaríamos  de  destacar  é  que  o  fenômeno  que  vem  ocorrendo  hoje não é, a nosso ver, “uma destruição da infância” como alguns autores proclamam (POSTMAN, 1999), mas sim uma pluralização dos modos de ser criança. (Sarmento, 2002). Podemos dizer que há hoje um profundo processo de transformação dos papéis e estatutos sociais das crianças e a configuração cada vez mais heterogênea da categoria social geracional infância, a partir de uma confluência  múltipla  de  representações  sociais  cruzando  diferentes  tempos  e  espaços. 

Na  visão  de  Sarmento  (2002),  a  infância  passa  por  um  processo  de  “reinstitucionalização”  como  resultado  das  transformações e das crises que acompanham a 2a modernidade, as quais radicalizaram as condições em que vive o homem moderno, e particularmente a infância. Tal reinstitucionalização, além das transformações que afetam a família, a escola, os papéis sociais, o mundo do trabalho e os espaços-tempos do cotidiano, tem como núcleo central a inserção da  infância  na  esfera  econômica.  Tal  inserção  se  dá,  quer  pela  dimensão  da  produção,  através  do  trabalho infantil, quer pelo aspecto do mercado e da utilização das crianças e da ideia de infância na promoção de produtos e na publicidade, quer ainda pelo lado do consumo, como segmento visado pelo grande mercado de produtos infantis. Todavia, é importante ter em conta que a criança, tal como a concebemos, não é uma mera receptora  passiva  dos  produtos  culturais,  muito  ao  contrário,  sua  relação  com  estes  parece  ser  de  uma reinterpretação ativa, através do cruzamento de culturas e de significações construídas nas relações com os seus pares.

Acreditamos, assim como Sarmento, que a “infância está em processo de mudança,  mas  mantém-se  como  categoria  social,  com  características  próprias”(2002,  p.10),  o  que  nos permite pensar as crianças como atores sociais.  Outro aspecto que deve ser incluído nessa reflexão, a partir das concepções de Martin-Barbero (2001), é a compreensão de que as relações das crianças com os meios de comunicação de massa e com a  cultura  do  consumo  são  mediadas pelos processos de sociabilidade que as constituem, pelas instituições em que se inserem, pelos movimentos sociais que defendem  seus  direitos,  pelo acesso que têm à tecnicidade e pelas ritualizações e relações simbólicas construídas nos seus processos de comunicação. Podemos pensar, portanto, que, entre a cultura de massa e do consumo e a criança, existe um espaço de elaboração possível que nos permite vislumbrar um caminho para além da reprodução, em outras palavras, um caminho para a produção do novo a partir da reinterpretação do já dado.

Um terceiro aspecto que devemos incluir no desenvolvimento desse tema, e que se articula à  concepção  de  crianças  como  atores  sociais,  é  a  recente  discussão,  realizada  sobretudo  no  campo  da  Sociologia  da  Infância,  sobre  a  existência  de  culturas  infantis  autônomas  (SIROTA  2001;  CORSARO, 1985; BROUGÈRE, 2002). Estudos nessa direção têm apontado que as crianças constroem formas culturais radicadas e desenvolvidas historicamente em “modos específicos de comunicação intergeracional e intergeracional” (SARMENTO, 2002, p.12). Para  Sarmento  (2002)  ainda  é  necessário,  entretanto,  o  empreendimento  teórico  e  epistemológico  da  inventariação  dos  princípios  geradores  e  das  regras  das  culturas  da  infância. 

Propõe  que tal tarefa siga os quatro eixos que, no seu entender, estruturam as culturas da infância: a interatividade, a ludicidade, a fantasia do real e a reiteração. A interatividade  refere-se  à  forma  interativa  e  partilhada  pela  qual  as  crianças  participam  dos  diferentes  contextos  de  sua  vida  cotidiana:  a  família,  a  escola,  a  comunidade  e  as  atividades  sociais que desenvolvem. A aprendizagem que se dá nesses espaços tem como eixo a interação com seus pares e com os adultos e jovens com os quais convive. Através dessa interação, as crianças se apropriam  do  mundo  que  as  cerca,  recriando-o  e  reproduzindo-o  nas  suas  ações,  tempos,  espaços,  representações e emoções partilhadas. 

A ludicidade  tem  sido  apontada  como  um  traço  central  das  culturas  infantis.  Mesmo  não  sendo exclusiva das crianças, pois a atividade de brincar pertence, antes de tudo, à dimensão humana como atividade social significativa, no contexto da infância, ela ocupa um lugar ampliado e especial nas suas vidas, sendo contínua, repetitiva e estruturadora de muitas das suas atividades individuais ou em grupos. A brincadeira e o brinquedo, com base na natureza interativa da atividade de brincar, são os principais pilares sobre os quais se fundam as culturas da infância.

A fantasia do real refere-se às reconstruções que as crianças fazem do real a partir do imaginário, a partir de um processo de reinterpretação das referências culturais que constituem as suas vidas  cotidianas.  Nesse  processo,  as  crianças  reproduzem  os  modelos  dados  pela  cultura  de  uma  forma  reinterpretava,  assim  como  criam  personagens,  ações,  subversões  das  ordens  e  regras  do  mundo  cotidiano,  ultrapassagens  dos  modelos  impostos,  atuando  em  tempos-espaços  próprios  do  brincar e das relações interativas que constituem essa atividade.

Esses dois universos, a fantasia e o real, estão imbricados nas brincadeiras infantis, mas é preciso ter em conta que o mundo do brincar não é uma representação do real, tratando-se de um distanciamento da realidade que permite a reflexividade  e  a  construção  de  um  mundo  próprio,  recriado,  que  mantém  suas  relações  com  a  vida  cotidiana, mas que não é vida cotidiana. Um último eixo apontado por Sarmento para investigarmos as culturas infantis é a reiteração. O tempo da criança e do brincar é um “tempo recursivo,  continuamente  reinvestido  de  novas  possibilidades, um tempo sem medida, capaz de ser sempre reiniciado e repetido.”(2002, p.17).

Os modos de interação das crianças são  marcados  por  práticas  ritualizadas (“eu era a mãe, você era a filha”); propostas de continuidade e de repetição (depois nós íamos ao cinema; vamos brincar outra vez de casamento?) e também por rupturas (“não sou mais sua amiga”; “não estou brincando com você”). Nessas interações, as crianças vão se apropriando de rotinas de ação associadas às diferentes brincadeiras, aos modos de falar dos personagens assumidos, às regras de entrada na brincadeira e de uso dos brinquedos, dominando aos poucos os protocolos de brincadeiras e os pactos estabelecidos  e  conhecimentos  compartilhados  pelo  grupo. 

Nesse  espaço-tempo  do  brincar,  passado,  presente e futuro se interconectam nas brincadeiras que se repetem, mas que se recriam a cada vez que se reproduzem, anunciando novas possibilidades de brincar e de agir sobre o mundo.  Acreditamos  que  os  quatro  eixos  propostos  por  Sarmento  (2002)  ajudam-nos  a  pensar  as  questões relacionadas às interações entre a infância e a cultura dominante de um ponto de vista que, ao lado do reconhecimento da forte penetração desta nas formas de ser, de pensar, de agir, de brincar das  crianças,  considera  também  que  tal  penetração  não  se  dá  de  forma  direta,  mas  sim  mediada  por  vários aspectos que constituem os modos das crianças interpretarem e significarem as referências externas que lhes são impostas e com as quais interage.

Tal visão implica que as pesquisas sobre o tema desloquem o olhar que paira sobre a infância, para sua localização na infância, ou seja, na escuta das vozes das crianças e das produções de sentido por elas realizadas. Assim, as pesquisas devem partir das crianças, penetrar nos seus mundos, para construir o estudo das realidades da infância. Nessa mesma direção, Sirota (2001) propõe que façamos uma viagem ao mundo da infância, olhando  a  criança  como  ator  social,  percebendo  a  construção  social  da  infância  e  de  um  imaginário  social, compreendendo que as crianças produzem cultura, conhecendo desse modo a construção científica sobre o objeto – a criança – e rediscutindo assim as posições tradicionais sobre a infância. 

Para  finalizar  essa  discussão,  consideramos  importante  demarcar  que,  nas  múltiplas  relações envolvidas na condição de ser criança, não há, na nossa percepção, nenhuma instância que seja “toda poderosa”, o que determina que os estudos sobre a infância busquem apreender os paradoxos, as imbricações e as interdependências de todas essas dimensões.

Angela Meyer Borba


- - - -



Para saber mais, clique aqui.


Para saber mais sobre o livro, clique aqui


Para saber mais sobre o livro, clique aqui.



Para saber mais, clique aqui.


No mecanismo de busca do site amazon.com.br, digite "Coleção As mais belas lendas dos índios da Amazônia” e acesse os 24 livros da coleção. Ou clique aqui

O autor:

No mecanismo de busca do site amazon.com.br, digite "Antônio Carlos dos Santos" e acesse dezenas de obras do autor. Ou clique aqui


Clique aqui para acessar os livros em inglês



-----------



Para saber mais, clique aqui. 


Para saber mais, clique aqui.


Coleção Greco-romana com 4 livros; saiba aqui. 





Coleção Educação e Democracia com 4 livros, saiba aqui. 



Coleção Educação e História com 4 livros, saiba mais. 


Para saber sobre a Coleção do Ratinho Lélis, clique aqui.






Para saber sobre a "Coleção Cidadania para crianças", clique aqui.





Para saber sobre esta Coleção, clique aqui. 




Clique aqui para saber mais. 




Click here to learn more.



Para saber mais, clique aqui




Para saber mais, clique aqui. 





Para saber mais, clique aqui. 










Para saber mais, clique aqui.


As obras do autor que o leitor encontra nas livrarias amazon.com.br:

 

A – LIVROS INFANTIS E INFANTO-JUVENIS:

Livro 1. As 100 mais belas fábulas da humanidade

Livro 2. O dia em que as crianças decidiram lutar contra o câncer de mama

Livro 3. O vovô vai ao médico

Livro 4. O coelhinho que aprendeu a dizer as coisas

Livro 5. Ui Gur – o ursinho que libertava livros

Livro 6. Bichinhos felizes

Livro 7. Telas? Só com saúde – Computadores: entre a liberdade e a escravidão

Livro 8. O dia em que as víboras, através das telas, escravizaram as corujinhas – dramaturgia

Livro 9. Bullying, as lágrimas de Deus – dramaturgia

Livro 10. Anhangá, o espírito protetor da natureza: a lenda indígena – dramaturgia

 

I – Coleção Educação, Teatro e Folclore (peças teatrais infanto-juvenis):

Livro 1. O coronel e o juízo final

Livro 2. A noite do terror

Livro 3. Lobisomem – O homem-lobo roqueiro 

Livro 4. Cobra Honorato

Livro 5. A Mula sem cabeça

Livro 6. Iara, a mãe d’água

Livro 7. Caipora

Livro 8. O Negrinho Pastoreiro

Livro 9. Romãozinho, o fogo fátuo

Livro 10. Saci Pererê

 

II – Coleção Infantil (peças teatrais infanto-juvenis):

Livro 1. Não é melhor saber dividir?

Livro 2. Eu compro, tu compras, ele compra

Livro 3. A cigarra e as formiguinhas

Livro 4. A lebre e a tartaruga

Livro 5. O galo e a raposa

Livro 6. Todas as cores são legais

Livro 7. Verde que te quero verde

Livro 8. Como é bom ser diferente

Livro 9. O bruxo Esculfield do castelo de Chamberleim

Livro 10. Quem vai querer a nova escola

 

III – Coleção Educação, Teatro e Democracia (peças teatrais infanto-juvenis):

Livro 1. A bruxa chegou... pequem a bruxa

Livro 2. Carrossel azul

Livro 3. Quem tenta agradar todo mundo não agrada ninguém

Livro 4. O dia em que o mundo apagou

 

IV – Coleção Educação, Teatro e História (peças teatrais juvenis):

Livro 1. Todo dia é dia de independência

Livro 2. Todo dia é dia de consciência negra

Livro 3. Todo dia é dia de meio ambiente

Livro 4. Todo dia é dia de índio

 

V – Coleção Teatro Greco-romano (peças teatrais infanto-juvenis):

Livro 1. O mito de Sísifo

Livro 2. O mito de Midas

Livro 3. A Caixa de Pandora

Livro 4. O mito de Édipo.

 

VI – Coleção A bruxinha de mil caras ensina a viver melhor

Livro 1: Planejar

Livro 2: Organizar

Livro 3: Estudar

Livro 4: Exercitar

Livro 5: Leitura

Livro 6: Cultura

Livro 7: Meditar

Livro 8: Interagir

Livro 9: Fazer amigos

Livro 10: Respeito e motivação.

 

VII – Coleção Cidadania para crianças

Direitos das crianças

Livro 1: Gratidão, a lei do universo

Livro 2: A honestidade vale a pena

Livro 3: O anjinho que semeava tolerância

Livro 4: O menino que disse não ao bullying

Livro 5: Toda criança tem direitos

Livro 6: Vidas negras importam – nós queremos respirar

Livro 7: Lélis, o ratinho que afinava queijo

Livro 8: Educação de qualidade é direito das crianças

Livro 9: Respeitando as leis de trânsito a cidade fica legal

Livro 10: A união faz a força

Sustentabilidade ambiental

Livro 11: Um dos maiores tesouros da terra, a água

Livro 12: A preservação do meio ambiente

Livro 13: Dez maneiras de ajudar a preservar o meio ambiente

Livro 14: A árvore faz o meio ambiente sorrir

Livro 15: Os 5R – o jeito certo de dar ‘bom dia’ ao meio ambiente

Livro 16: O lixo, a coleta seletiva e a reciclagem

Livro 17: Lixo, o supervilão do meio ambiente

Livro 18: Com o saneamento básico o meio ambiente fica feliz

Livro 19: O dia em que a coruja de pintas brancas e as batatas cozidas derrotaram a poluição

Livro 20: Os tempos difíceis da quarentena

Democracia, liberdades e constituição

O ratinho Lélis explica:

Livro 21: O que é democracia?

Livro 22: O que são eleições

Livro 23: O que é política?

Livro 24: O que são partidos políticos?

Livro 25: Censura X Liberdade de expressão?

Livro 26: Ditadura X Liberdades individuais?

Livro 27: Redes sociais e democracia?

Livro 28: Minorias e democracia?

Livro 29: O que é abuso do poder econômico?

Livro 30: O que é demagogia?

Livro 31: O que é ética?

 

VIII – Coleção Mundo contemporâneo

Livro 1: O jacaré debate educação e oportunidades

Livro 2: O puma explica trabalho e renda

Livro 3: A anta luta contra o aquecimento global

Livro 4: O tucano denuncia a corrupção e os narcoterroristas

Livro 5: O bicho-preguiça e a migração

Livro 6: O sapinho Krock na luta contra a pandemia

Livro 7: A onça pintada enfrenta as queimadas na Amazônia e no Pantanal

Livro 8: A harpia confronta o racismo

Livro 9: A ariranha combate a pobreza e a desigualdade

Livro 10: O boto exige democracia e cidadania

 

IX – Coleção As mais belas lendas dos índios da Amazônia

Livro 1: Boitatá

Livro 2: O boto

Livro 3: O caipora

Livro 4: O cairara

Livro 5: A cidade encantada

Livro 6: O curupira

Livro 7: A galinha grande

Livro 8: O guaraná

Livro 9: Iara, a mãe d’água

Livro 10: O lobisomem

Livro 11: A mandioca

Livro 12: A princesa do lago

Livro 13: Saci-Pererê

Livro 14: O uirapuru

Livro 15: O velho da praia

Livro 16: O velho e o bacurau

Livro 17: A vitória-régia

Livro 18: O açaí

Livro 19: As amazonas

Livro 20: Mapinguari

Livro 21: Matinta Perera

Livro 22: Muiraquitã

Livro 23: O rio Amazonas

Livro 24: Anhangá

 

X – Coleção Filosofia para crianças

Livro 1: O que é filosofia?

Livro 2: A filosofia do amor

Livro 3: O aviãozinho feliz

Livro 4: O trenzinho feliz

Livro 5: A lagartinha feliz

Livro 6: A borboletinha feliz

Livro 7: O encontro com Pitágoras

Livro 8: A vida em um pinguinho de água

Livro 9: O pequeno ponto azul

Livro 10: Gentileza, o mel da vida

 

XI – Coleção Ciência e espiritualidade para crianças

Livro 1: Panda Zen e a menina azeda

Livro 2: Panda Zen e o verdadeiro valor

Livro 3: Panda Zen e as mudanças

Livro 4: Panda Zen e a Maria vai com as outras

Livro 5: Panda Zen e a estrelinha cintilante

Livro 6: Panda Zen e a verdade absoluta

Livro 7: Panda Zen e o teste das 3 peneiras

Livro 8: Panda Zen e os ensinamentos da vovó

Livro 9: Panda Zen e os cabelos penteados

Livro 10: Panda Zen e a magia da vida feliz

Livro 11: Panda Zen e as paixões enganosas

Livro 12: Panda Zen entre a reflexão e a ação

Livro 13: Panda Zen e o mais importante

Livro 14: Panda Zen, a gota e o oceano

Livro 15: Panda Zen e a indecisão

Livro 16: Panda Zen e o vaga-lume

Livro 17: Panda Zen e a busca da identidade

Livro 18: Panda Zen entre o arbítrio e a omissão

Livro 19: Panda Zen e o trabalho

Livro 20: Panda Zen e a falsa realidade

 

XII – Coleção Ensinando as crianças e seus papais a pensar

Livro 1: O segredo da felicidade

Livro 2: A gentileza pode tudo

Livro 3: A mulher bela e rica e sua irmã feia e pobre

Livro 4: O pequeno cachorro zen

Livro 5: O pequeno gato zen

Livro 6: O pequeno panda zen

Livro 7: O pequeno sapo zen

Livro 8: É melhor pensar antes de falar

Livro 9: Os desafios são necessários

Livro 10: A paz é a base de tudo

 

XIII – Amazon collection: the green paradise

Book 1 - The amazon rainforest

Book 2 - The jaguar (A onça pintada)

Book 3 - Macaw (Arara-canindé)

Book 4 - Golden Lion Tamarin

Book 5 - The button (O boto)

Book 6 - Frogs

Book 7 - Heron (Garça-real)

Book 8 - Swallowtail (Saí-andorinha)

Book 9 - Jacaretinga

Book 10 - Harpy

Book 11 - Tapir (Anta)

Book 12 - Snakes

Book 13 - Puma

Book 14 - Sloth (Bicho Preguiça)

Book 15 - Toucan (Tucano-toco)

Book 16 - Amazonian Caburé

Book 17 - Pisces

Book 18 - White-faced spider monkey

Book 19 - Irara

Book 20 - Red macaw

Book 21 - Otter (Ariranha)

 

XIV – The cutest pets on the planet collection

Book 1 - Black Eyes, the panda bear

Book 2 - The happy kitten

Book 3 - The aquarium fish

Book 4 - Doggy, man's best friend

Book 5 - The feneco

Book 6 - The rabbit

Book 7 - The chinchilla

Book 8 - The Greenland Seal

Book 9 - The dolphin

Book 10 - The owl

 

B - TEORIA TEATRAL, DRAMATURGIA E OUTROS

XV – ThM-Theater Movement:

Livro 1. O teatro popular de bonecos Mané Beiçudo: 1.385 exercícios e laboratórios de teatro

Livro 2. 555 exercícios, jogos e laboratórios para aprimorar a redação da peça teatral: a arte da dramaturgia

Livro 3. Amor de elefante

Livro 4. Gravata vermelha

Livro 5. Santa Dica de Goiás

Livro 6. Quando o homem engole a lua

Livro 7: Estrela vermelha: à sombra de Maiakovski

Livro 8: Tiradentes, o Mazombo – 20 contos dramáticos

Livro 9: Teatro total: a metodologia ThM-Theater Movement

Livro 10: Respiração, voz e dicção: para professores, atores, cantores, profissionais da fala e para os que aspiram a boa emissão vocal - teoria e mais de 200 exercícios

Livro 11: Lampião e Prestes em busca do reino divino - o dia em que o bandido promovido a homem da lei guerreou com o coronel tornado um fora da lei

Livro 12: Giordano Bruno: a fogueira que incendeia é a mesma que ilumina

Livro 13: Amor e ódio: não esqueçamos de Aylan Kurdi

Livro 14: Pitágoras: tortura, magia e matemática na escola de filosofia que mudou o mundo

Livro 15: Irena Sendler, minha Irena

Livro 16: O juiz, a comédia

Livro 17: A comédia do mundo perfeito

Livro 18: O dia do abutre

Livro 19: A chibata

Livro 20: O inspetor geral, de Nikolai Gogol – accountability pública, fiscalização e controle

Livro 21: A noite mais escura: o hospício de Barbacena, uma Auschwitz no coração do Brasil

 

XVI – Shakespeare & accountability

Livro 1: Medida por medida, ensaios sobre a corrupção, a administração pública e a distribuição da justiça

Livro 2: Macbeth, de Shakespeare: entre a ambição e a cobiça, o sucesso ou o ocaso de profissionais e organizações 

Livro 3: A liderança e a oratória em Shakespeare

Livro 4: Otelo, de Shakespeare: a inveja destroi pessoas, famílias e organizações

Livro 5: Macbeth, de Shakespeare: entre a ambição e a cobiça, o sucesso ou o ocaso de profissionais e organizações

Livro 6: Ética & Governança à luz de Shakespeare

 

C - PLANEJAMENTO

XVII – Planejamento estratégico e administração

Livro 1: Quasar K+ planejamento estratégico

Livro2: Ouvidoria pública: instrumento de participação e aprofundamento da democracia

Livro 3: Pregão: economia e eficácia na administração pública

Livro 4: Comunicação estratégica: da interlocução às palestras exitosas – como falar bem em ambientes controláveis e em situações de extrema pressão

Livro 5: As máximas do empreendedor

Livro 6: Vivendo e aprendendo a amar segundo Rodoux Faugh

 

D – OUTROS

XVIII – A pena e o amor como espada

Livro 1: Os anjos esquecidos por Deus – romance

Livro 2: Moving Letters – a arte de escrever bem

Livro 3: Sobre flores e amores – poemas

Livro 4: 300 maneiras corajosas de dizer bom dia

Livro 5: Revolucione amando incondicionalmente

Livro 6: Sobre homens e lobos, o conto

Livro 7. A coroa de mil espinhos - poemas

 

Sobre o autor

Antônio Carlos dos Santos é escritor e criador das seguintes metodologias:

©Planejamento Estratégico Quasar K+;

©ThM – Theater Movement; e

©Teatro popular de bonecos Mané Beiçudo.

 

Acompanhe o autor no facebook e nos blogs:

1.   Cultura e educação: culturaeducacao.blogspot.com/

2.   Teatro popular: teatromanebeicudo.blogspot.com/

3.   Planejamento: https://planejamentoestrategicoquasark.blogspot.com/

4. Educação infantil: https://letrinhasgigantes.blogspot.com/



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Quais os avanços da Política Nacional Integrada para a Primeira Infância (PNIPI)

    A PNIPI representa um marco significativo na promoção do desenvolvimento infantil no Brasil. Focada em crianças de até seis anos, a PN...